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terça-feira, 8 de junho de 2010

simetria-A-simetria

Assim nos cruzamos,
No tempo e no espaço.
E dessa intercepção,
Quiçá casual,
Do culminar do que é
A perpendicularidade mais perfeita,
Resultam forças que nos puxam
Ora para o bem, ora par ao mal,
Caminhando para nenhum futuro
Mas que por vezes o confundo
Com o presente que me dás
E o passado que me deste.

Corícia

Do príncipe em falta
À rainha das rosas,
O poeta quase cego,
Outrora artista de si mesmo,
Reza para que sua alteza se digne
Brindar sua vista moribunda
Com imagens de uma presença invulgar.
Da Sua graça de caminhar,
Do calor de Sua pele exótica,
Da Sua voz, que entoa em aparente dissonância,
Dos Seus olhos, que se fazem ver lucidos,
Do aconchego dos Seus cabelos,
Do Seu doce sorrir de despedida,
Que abre mais uma chaga
No olhar frágil deste escravo,
Até que o leve a morte ou a poesia.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Mito Apenas

Esta medusa que trago
Hoje a meu lado,
Que me toca
Que me é tão próxima,
Muito mais próximo
Sou eu dela.

Com seu mitico olhar
Me faz de pedra,
E por aqui me fico,
Para sempre, à espera
Que volte,
Que me devolva
O quem eu era,
E seria...

Esta medusa que trago
Hoje a meu lado,
E talvez amanhã;
Amanha não sei quem será...

Grito 5º

Seguimos, imparáveis
Por mundos sem conta
Abreviamos caminhos e atalhos
Pulverizamos quem nos encontra

Queimamos como mil sois
Rugimos como trovões
Nossos passos são tambores
Nossos braços furacões.

Colosso

Fiz-me tão maior,
Tão forte,
Tão mais alto que os homens
E por isso cuspi em deus.
Com uma mão esmaguei o tumor
Que consumia o mundo;
As máquinas estão mortas.
O Homem,e sobretudo a criança,
Podem agora respirar.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Abutres

Em becos e esquinas,
São aves de rapina
Que esperam por corpo que passe…

Abutres de penas coloridas
E cantar repetitivo
Que só o corpo perseguem,
Nem que a alma lhes escape.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Morres em silêncio

Alimentam o corpo,
A alma e as vontades.
Juntam-se a outros
Com as mesmas qualidades.
Repetem e, habilmente,
Ensinam a repetir.

Será vaidade?

Do princípio ao fim,
Sempre firmes,
Sempre convictos
De que os seus filhos
Não são melhores
Nem diferentes
De si mesmos.

É engano!

Somos monstros!
Horríveis exemplos
Desta mudança,
Nem a nós nos reconhecemos.
Perdidos, lutamos por causas.
Por causa do nosso liberal divagar
Encarcerado em mentira e preconceito
E no final, como todos...

...Morremos em silêncio.

Predisposição

Penso
E perco-me,
Por ti.
Tu, que me confundes
E eu a mim,
E aos dois
Que no final acabamos só...

Penso
Em como me redimir;
A ti, a mim
E aos dois.

Talvez com um beijo nos lábios...
Não um malicioso debicar,
Um beijo como se deve dar,
Com calor e movimento;
Em câmara lenta,
Assinando com um sorriso
E um olhar profundo.

Porventura repetindo,
Vai-se refazendo o desfeito,
Numa espécie de conceito
Que se define
Sentindo.

Porque é de olhos fechados
Que melhor vejo o mundo;
E o beijo, mais profundo
No interior de ambos.

Grito 4º

Brisas mil,
Tornados e tempestades;
Controlados por inocência e saudade.

Pé-ante-pé,
Pela brisa da manhã,
Sussurramos histórias vizinhas
De odores, cantos e danças,
Que copiamos como crianças
Sendo amáveis intrépidos,
Sempre irrequietos;
De calmos a imparáveis

Filhos do vento,
Despreocupados com o tempo;
Nossa vida é longa,
Nosso Pai não dorme.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Licantropia

Deixei-o solto,
A guardar o meu rebanho.
Este lobo que vive em mim
Que ateia fogo ao meu império,
Que faz ruir o que eu mais quero.

E porque nos parecemos assim?
Que tenho eu com ele?
E ele comigo?

Sussurra, ordena
Grita-me aos ouvidos
E vou-me cansando...
Por fim desisto.


Desvia-me de meu caminhar,
Distrai-me de mim.
Tira-me a paz e o carinho.

E assim se revela,
Monstro conhecedor
Monstro que te apresento,
De olhar aterrador e
Hálito pestilento,
Que devora as almas
Deixando corpos dispersos.

Vejo-me a deixar levar,
Não me liberto.
Nem sei se me querem,
Nem o que quero,
A ele que o odeiem.

Não vêem que não sou eu!?

E agora,
Depois de tanto correr,
Já nem o toque sinto,
Fiz-me assim,
Monstro esquisito:
Por fora Homem,
Por dentro Bicho.