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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Boa vida
Outras
Andanças

Sendo
Oportuno
Recomendo
Ter garantida a
Esperança

domingo, 6 de dezembro de 2009

Grito 3º

De cabelos ao vento,
Corpos nus, descobertos,
Por entre sombras,
Ramos, folhas e fetos.

Nosso chão é vida.
Nosso corpo desliza
Pelo mundo que,
Não sendo nosso,
Nos acolhe.

Dádiva tão agradecida!
Que a brisa nos refresque,
A neblina nos encubra
E o orvalho nos molhe.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Grito 2º

Rasgamos por ondas, oceanos
Em cálices trancados
Em barcos como esponjas
Ao fracasso condenados.

A nadar contra corrente
Num cálice já por si despejado,
Caímos num fosso sem fundo
Da má sorte somos escravos.

Fome que nos move,
Sonho, desejo, necessidade,
Raiva, ira, impiedade,
Inveja, egoísmo, vingança...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Num Suspiro

Vai-se-me o coração,
Ausenta-se-me a alma.
Sou invólucro,
Sou vazio,
De presas afiadas
E sangue frio,
De pele de escamas,
Olhos negros
E má vontade.

Se me conheceram,
Foi no passado
Morri.
Agora não sou nada.
Não existo, não vivo...
Não como vivi!

Oiço todas as histórias,
Não conto nenhuma.
Já não falo,
Já não digo.
Não que seja ignorado,
Mas porque contando,
Sinto
E de mais sentir
Não necessito.
Já senti meio mundo em mim.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Ciclo de Vida

Ontem anjos, amanha vampiros
Crescem, viram monstro,
Meros desconhecidos
Dos pais que outrora o foram,
A filhos não voltarão.

Rasgam-se lhe as veias,
Incham-se-lhe os corpos.
Mudam por fora
Aquilo que são por dentro:
Torpes, inuteis,falsos, futeis...

Quem é o mau?

domingo, 9 de agosto de 2009

Insónia

A cada noite
Qual doença,
Deficiente sonolência,
Tomo o lápis e escrevo.
Vá eu aprendendo:
Com grandes,
Com pequenos,
Com sábios,
E ignorantes,
Com deuses e gigantes,
Comigo mesmo.

O escrver não o é
Se não, para mim,
Para que durma mais umas horas,
Para voltar ao mundo dessa gente

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ao Infinito

Eu sou o nada
Em oposição ao que é tudo.
Mas se este Nada se expande até ao Tudo,
Será um importante
Para ser relevante
O polo que se lhe opõe(?)...

...e que por tentativas constantes,
Demonstra desejo ardente
De lhe pôr um fim!

Outra das partes
Deseja respeito,
Parasitar o mundo dos grandes
E voltar.
De Deus tirar proveito,
E regressar a miserável ser.

Confundirem-se um com o outro
Na sua absoluta grandeza,
Que o tudo já o nada tem
E o nada nem de si sabe!

terça-feira, 30 de junho de 2009

Deuses tantos...

Os deuses não param.
Aqui e ali, chamam,
Pedem Para ser adorados.

Como estrelas, brilham.
Tantas são, que a uma
Mais do que às outras, adorar
Pesa, custa, cega...

Mas como as velas,
São de cera.
E tão depressa se acendem,
Como depois se apagam.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Belo

Belo é o Mundo
Desde o céu ao mar profundo.
Neste e no outro hemisfério,
Tudo é belo!

Belo é:
O poema e a prosa,
O cravo e a rosa,
Rimas simples e curtas
Ou até rimas nenhumas.

Belo é:
O homem, a mulher,...
Belo é o futuro.
Certo e seguro
É o tempo passar
E eu esquecê-lo
Que acima de tudo
Eu sou o mais belo.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Do Inferno ao paraíso

Se só para o Paraíso
vão os ricos, que tem dinheiro
É claro, por isso,
Que de bem intencionados
Esteja o Inferno Cheio.

Bobos, Reis, Párocos e o Povo
Falam todos a mesma lingu,
Acabando por comer a mesma comida
Embora uns a comam quente,
Outros a comam fria
e outros ainda, comam migalhas.

Escravo, Juíz, Ministro ou Meretriz
São de facto, humanos.
No final, meros mortais
Só os bichinhos dão neles.
Dos outros animais não somos diferentes.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Do Bosque...

Para lá dos amfibiozinhos,
Para lá dos pirilampos
E do canto das cigarras...
São vários os caminhos
Que levam até um jardim
Onde tudo se vê e nada se sabe.
À escolha, preto ou branco,
Eu escolho preto.
Resta-te outro tanto,
Que te leva
Por onde não ando eu.
Escrevo histórias,
Conto contos.
Falo de magia
E de feitiços,
Que podem acontecer,
Se por aí
Me levar a vontade.
Do jardim oculto,
Ruge o mar, esforça-se
Para tomar a terra;
Praia que se vê de prata,
Tocada pelo luar...

sexta-feira, 12 de junho de 2009

... à Costa...

Ainda à pouco cheguei.
De pele ainda molhada,
Ao vento grito.
Há-de levar a mensagem,
Um sussurro, um suspiro...

Ideia de liberdade
Num mundo escondido
Onde governa o fado,
Que parece seguro,
Seguramente recluso
De tamanhas muralhas.

Muralhas de gelo,
De mil janelas
E uma só porta,
Que já não abre.

O restoPouco importa
A sorte não é nossa,
Nem de Deus,
Nem do Diabo...

terça-feira, 9 de junho de 2009

... e de volta.

Os primeiros raios de sol
Rasgam a noite.
Tornam a demora impossivel,
O atraso tentador...

Vagueamos ao acaso
Provocado.
O sol já se faz sentir...

Shhhhh...

Vamos voltando,
Lentamente.
Este mundo,
Indiferente à nossa ausência,
Nem nota.

O caminho que nos traz de volta
É agradávelmente curto.
Entre este e o outro mundo
Passam-se vidas e histórias,
Voltemos todos as noites.

Pelo dia
A vida retorna
E pela noite a magia
A sombra.
A cada pendular,
Uma conquista
Uma vitória.

sábado, 6 de junho de 2009

Ladra

Rouba-me o coração,
Rouba-me a alma,
Rouba-me tudo.

Deixa-me só,
Cego,
Surdo,
e mudo.

Foge-me o chão
Por baixo dos pés,
Já nada parece seguro.

Até onde serei eu,
Dono e Senhor
Do meu mundo?

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Cão

Neblina densa
Revela o céu
Esconde os corpos.
Pelas noites,
Gélido asfalto
Pisa ao de leve.
Fareja a terra,
Gosto férreo,
Ignora os mortos.
Procura vida
Mera companhia,
Dormente cego.
Pobre Moribundo.
Pela morte,
Pela sua espero.
Mendigos dormitam
Em camas de cartão,
Na cidade de ferro.
Conveniente mensageiro,
Despojado de raça.
Cão de guarda, rafeiro.


Pela mesma regra
Cão de rua,
Cão de guerra.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Esquizofrenia

De esquizofrenia
por entre os dentes,
entre os olhos,
entre a mente!
Represento mil papeis
Sendo eu, sempre!
Certeza tenho eu
Tenho várias, contraditórias.
A diferença
Para mim não é notória.
Os outros que o digam,
Os outros que me incriminam,
Que não veem pelos meus olhos.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Do Instante


O agora de agora
Já não é um agora presente,
Pertence ao passado.
E enquanto vamos vivendo,
Este agora já passou,
Pensando no tempo mal aproveitado.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Saltimbanco

Da cabeça aos pés sou um vazio,
Nem eu me vejo,
Mas revejo naquilo que faço
E que timidamente manifesto.
Que se de uma particular
Expressão não se tratasse,
Pareceria mentira ou invenção
Tão atrevido gesto.

É desta expressão que me faço.
Até amanha (sobre)vivo,
E de amanha para depois.
Fosse eu valer-me de todo o resto
E estava fodido(!)
De não mais me valer outro conhecimento,
Perícia ou coragem para o progresso.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

São o que são

São senhoras
São mulheres
São
rosas

Inegáveis
Pelos mais cépticos, até,
De seus botões abertos
Que nos tentam.
De seus espinhos,
Encarnados
Pelo sangue masculino.
Negamos servir-lhes,
Repetindo...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

De Partida

Partem sem se despedir
São
levados pela morte
Chora invejoso
Que és
deixado á tua sorte.

Chora
perdido, desolado
Confuso com a mudança
Preocupate com o que fica
Resume a vida a uma
lembrança.

Acorda sorrindo,
De teu merecido descanso
O seu está ganho,
Para o nosso caminhamos.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Borboleta de Ossos

Não se deixa ver,
Borboleta de ossos
Que ceifa e ceifa.
Ficamos estáticos.
Atormenta pelo rasto que deixa.
Ninguem a segue,
Ninguem se lhe quer seguir.


Borboleta de ossos,
Dos mortos é Rainha.
Com a fome,
A peste
E a guerra,
Com os vivos,
Procria.
O seu desejo
não pára de crescer.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Ermo

Cheio de raiva,
Cheio de nojo,
Cheio de tudo!

Não me chega o tempo,
Nem para respirar.
Quero o mundo.

Faço-o só meu
E de mais ninguem.
Dele toda a gente expulso.

Pelo calar da noite
Corro, vôo, fujo,
Escondo-me no beco mais escuro.

Um rasgo de luz
Corta o silencio,
Entra sem perguntar...

Leva-me para longe.
Num vôo que eu governo,
Escuta e faz-se escutar.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Eros Voluptas

Caminhamos com as mãos
Sobre os corpos.
Marcas e cicatrizes a descoberto.
Até os pensamentos se ouvem,
De tão próximos, de tão perto.

É sangue, é fogo.
É amor, é ódio.
São vultos e formas.
São duvidas enormes
Que quebram o ritmo.

No reconforto e aconchego,
Já só as vozes se ouvem.
De sorriso vincado nos lábios,
Num mundo solitário,
Onde se governa a noite e o dia.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Inquietação

O rio longe vai,
porque o deixo ir.
E se não deixar,
Irá para onde?

À beira-mar,
Onde caminham os anjos
Longe das visceras da Terra,
No reino do senhor da guerra.

O Ignipotente ri-se
Atrevo-me a perguntar porquê.
"Oh pobre besta,
Pensas-te mais do que és.
Não te chega o que tens,
Queres tudo o que vês.
"

Pesa-me o seu olhar,
Vergonha humilha-me.
Mostra-me a mim mesmo
Nas águas da nascente.

O rio vai longe,
Foge constantemente
Da própria fonte,
Até nas horas
Em que o Mar o nega.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Saudade,
Instinto,
Necessidade.
Temo
Obscuridade.
Medo
Escondido.

Sentimento
Obstante.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Grito 1º

Somos sangue,
Somos Fogo.
Somos aço,
Somos carne.

Somos Rocha,
Somos água.
Somos força,
Dor e mágoa.

Fugimos à noite
Da escura rua.
Vivemos o bosque.
Adoramos a lua.

Somos terra,
Somos vento.
Somos mar
A céu aberto.

Damos cor,
Damos vida.
Pintamos o caminho,
Vivemos á deriva.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Pedintes de Esmola

São o que sobra,
Os dejectos,
Faúlhas de todo o processo,
Pedintes de esmola.

São da cor da calçada,
Tão antigos como a cidade.
Num acto de solidariedade
Os peões olham...

_____________________________Mas não vêem.


Conhecem o frio, a chuva,
A dor e a angústia.
Deitam-se com ela,
Todas as noites, na rua

Após toda esta vida,
Consigo mesmos, ,
Será que morrer
Ainda os assusta?

sexta-feira, 20 de março de 2009

Sete

Somos eternos ciganos.
De tempos a tempos,
Quando nos juntamos,
Rimos e choramos, recordando
Os momentos que passamos juntos.

Em bosques, com tendas,
Á volta da fogueira
Regados com álcool, confesso,
A irmandade decide celebrar a vida.

Move-se a caravana
Até uma qualquer praia.
E porque a noite é nossa,
Intrépidos vagabundos,
Decidimos recordar a aventura.

Confessamos (alguns) pecados.
Confortavelmente envergonhados,
Vamo-nos conhecendo e inventando,
Sem que nos falte arte e engenho.

Tomamos o mundo em 3 dias, e depois,
Quase intacto, entregamo-lo.
Repetimos, ano apôs ano, o mesmo ritual,
Fieis á nossa intrépida natureza.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Da Culpa

A chuva cai.
Com aquela unidade de ruído
Que são todas e cada uma das gotas
A embater no chão.

São como agulhas
Que me tatuam a consciência.
E como dói...!

São como lágrimas salgadas
Que me molham o rosto mas se sentem,
Com curiosidade, na boca.

São como passos de algo maior,
Que se vai aproximando...
Já temos o inimigo á porta.

Convido-o para entrar
Ofereço um copo de água e uma maçã
E apunhalo-o pelas costas.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Ensemble

Se cantam as guitarras, é deixa-las cantar!
Faça-se ouvir a alma do homem que toca,
Mostre-se a mulher que se atreve a dançar.

E se a mulher canta, o homem que a acompanhe também.
Ora seja o homem, ora seja a mulher, sejam os dois!
Façam-se ouvir, em uníssono, e mais ninguém.

Cubram-se com um manto, na sombra ou ao luar.
Façam-se mostrar na rua ou façam-se esconder,
Que se vejam um ao outro e sintam, sem pensar.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

De um Louco para tantos Outros

Somos doentes saudáveis.
Vamos (vi)vendo o mundo
De forma diferente.

Como saltimbancos que somos,
Entre a loucura e a razão,
De acto em acto, vamos saltitando,
Fazendo da vida um sonho
E não, uma ilusão.

Dizem-nos loucos,
Bruxas e vagabundos,
Filhos da loucura,
Pouco razoáveis.
Aqueles que não importam.

Brilhamos á luz do Sol,
Corremos nas ruas à noite.
Sabemos ser nossa a razão
E, dia após dia,
Ditamos a nossa sorte.



( À Sue pela inspiração, ao Ventura pela paciência, à Bárbara pelas consultas e ao Luis por tudo o que me ensinou e continua a ensinar)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O Homem-Peixe

Metade monstro, metade esquisito
Pareço igual aos outros
E, por isso, duvidam que existo.

Piso calçadas mundanas
Antes pisadas por outros
Mas importa a alma,
E essa foge ao meu controlo

Metade esquisito
Que todos conhecem
Metade monstro
Que ninguém queira conhecer.

Não mudo por fora,
Mudo por dentro
Depois da hora,
Parto á procura.

De formas estranhas,
Escondo o Sol, mostro a Lua.
Solto gargalhadas guturais,
Desperto o medo em cada um.

Corro e voo, sem me deixar ver
Sussurro um arrepio de morte
Vossa sorte, eu não vos conhecer,
Não bater à vossa porta.

Roubo vidas e almas,
Aquelas que eu quero.
Deixo demência e ilusões,
Levo povos ao desespero.

Haja quem me leve, um dia,
Este fado que me persegue.
Vivo a metade de duas vidas,
Não vivo nenhuma por completo